Energia renovável pode atender 95% da demanda em 2050, aponta WWF

WWF sugere a adoção de fontes alternativas aos combustíveis fósseis, como energia eólica, solar e hidrelétricas/Montagem: Juliana Lisboa/EcoD
Embora sejam mais poluentes e nocivos ao meio ambiente, os combustíveis fósseis ainda dominam o cenário da geração energética mundial, no entanto, a demanda da população global poderá ser suprida em 95% por energias renováveis até 2050, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira, 3 de fevereiro, pela ONG ambientalista WWF junto com a consultoria energética Ecofys. As informações são da Reuters.
Até lá, a demanda energética total poderá ser 15% inferior à de 2005, graças a medidas ambiciosas de economia de energia, apesar da previsão de aumento da população (hoje estimada em 7 bilhões de pessoas), da produção industrial e do transporte de cargas e passageiros. Atualmente, mais de 80% da energia global são gerados por fontes poluentes.
O relatório projeta que a energia nuclear, os combustíveis fósseis e a biomassa poderão ser praticamente abandonados nas próximas quatro décadas. Para tanto será preciso reduzir em pelo menos 60% os gastos com calefação de edifícios, por meio da melhora na eficiência energética e do uso de energia solar e calor geotérmico.
“O relatório demonstra que o planeta pode, sim, ter economias vivas e energia limpa, barata e renovável, nos próximos quarenta anos”, destacou Denise Hamú, secretária geral do WWF-Brasil.
A modernização das instalações elétricas também é defendida pelo documento, bem como a adoção de redes "inteligentes" (smart grids) e a prioridade do transporte elétrico em escala global. O relatório sugere ainda a ampliação de incentivos financeiros, como tarifas diferenciadas para a energia renovável.
Outras recomendações do relatório propõem que o consumo per capita de carne caia pela metade até 2050 nos países industrializados, e aumente em um quarto nas nações em desenvolvimento. A população deveria ser estimulada a andar de bicicleta, caminhar e usar o transporte público, além de substituir aviões por trens.
“Se continuarmos a depender de combustíveis fósseis, vamos enfrentar um futuro de incertezas crescentes sobre custos, segurança e mudanças climáticas”, Jim Leape, diretor geral do WWF.
O texto estima que até 2050, mantidas as atuais condições, a melhora da eficiência energética e a redução dos custos dos combustíveis permitirão uma economia anual de 4 trilhões de euros (5,59 bilhões de dólares). Por outro lado, serão necessários mais investimentos para aumentar a geração de energia renovável, modernizar os sistemas e melhorar a eficiência energética.
Em um prazo de 25 anos, tal investimento deveria passar de 1 trilhão de euros por ano para 3,5 trilhões. Por volta de 2040, tais gastos começariam a ser pagos, com a economia superando os custos.
Outro relatório, divulgado nesta semana pela Accenture e pela Barclays Capital, aponta que a Europa precisará investir 2,9 trilhões de euros, ou 25% do seu PIB (Produto Interno Bruto), ao longo dos próximos dez anos para atender à sua demanda por energias com pouca emissão de carbono.
Cenário verde e amarelo
O fato de o Brasil produzir eletricidade a partir de hidrelétricas dá ao país certa vantagem competitiva rumo à concretização da visão da respeitada consultoria Ecofys. “Entretanto, não podemos nos acomodar, porque estamos sujando nossa matriz energética e claramente temos oportunidades de diversificação de nossas fontes, com mais investimentos eficiência energética e em energias renováveis modernas, como a eólica, solar e solar-térmica”, avaliou Carlos Rittl, coordenador do programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
Rittl destacou, ainda, que a demanda mundial por bioenergia irá crescer muito. Como os biocombustíveis serão uma parte cada vez mais importante na matriz energética mundial, cabe ao Brasil fazer sua expansão neste setor, seguindo critérios rigorosos de sustentabilidade, sem pressão sobre os ecossistemas naturais.
“Além disso, o Brasil precisa ser muito responsável sobre o uso e investimentos para extração do petróleo da camada pré-sal. Os custos das energias renováveis modernas estão em queda, enquanto que os do petróleo estão em ascensão. O mundo está cada vez atento a cada tonelada de gases de efeito estufa jogada na atmosfera e seus impactos no aquecimento global”, concluiu Rittl.
Com informações da Reuters e do WWF-Brasil.
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